Entrevista com com Nara Correia
Ambientalista e Integrante do Comitê Pernambucano para o Rio+20
Ambientalista e Integrante do Comitê Pernambucano para o Rio+20
Casa da Mulher do Nordeste: Qual a principal finalidade do Comitê Pernambucano para o Rio+20?
Nara: O Comitê
foi criado em agosto de 2011 com a função de articular e mobilizar a
sociedade civil para dialogar sobre a temática da Rio+20, que é economia verde
e a governância institucional. Focada nessas duas temáticas, o Comitê está
desenvolvendo algumas ações de diálogos diretos com a sociedade, tanto em
Recife como no interior do estado. O Comitê Pernambucano é formado por várias
entidades e representantes de vários movimentos. Nesta reta final, estamos nos
reunindo toda semana para discutirmos os temas e se mobilizando para irmos ao
Rio de Janeiro.
CMN:
A Conferência Rio+20, é um evento fechado para a sociedade civil, então qual é
a melhor forma de mobilizar a sociedade nesse período?
Nara: A
Cúpula dos Povos será uma evento que fugirá um pouco da temática proposta pelo
Rio+20. Por ser um evento aberto, trará discussões de temas propostos
diretamente pela sociedade, como a agroecologia, economia solidária, a questão
da geração de renda baseada na cooperação mútua entre as pessoas. Então, acho
que para os movimentos sociais, está integrado nas ações da Cúpula dos Povos é
o que vale a pena. Temos que ter uma ação política para levar o que decidiremos
na cúpula para a grande conferência. Vai ser difícil, mas esse será o nosso
grito.
CMN: Em
relação a uma das temáticas da Conferência, o que significa Economia Verde?
Nara: Eu tenho uma crítica imensa a Economia Verde.
Economia verde, para mim não passa de mais uma artimanha do capitalismo para se
manter. O que ela tem de mais importante, é o mercado de carbono, então com a
venda de carbono você pode poluir aqui, mas ao mesmo tempo, plantar inúmeros
pés de eucalipto em outro lugar. Para mim, este tipo de economia não vai trazer
resultado, ela não está preocupada com a distribuição renda, ela está sim
preocupada em criar o capital de um produto verde. Ela quer colocar valor em
produtos naturais. Quer gerar um fluxo de capital porque hoje o meio ambiente
tá se tornando uma moeda rara, o que temos de floresta está diminuindo cada vez
mais e essa pequena parcela está na mão de poucos. Dessa forma, eles querem
tirar o solo das famílias e das cooperativas que lá vivem e ampliar para os
latifundiários como forma de crédito de carbono. É um mecanismo de
retroalimentação do capitalismo em crise.
CMN:
Sobre a governância institucional, o que o movimento diz em relação a esta
temática?
Nara: Nem
sempre o que é apresentado como temática da conferência é seguido realmente. Eu
entendo que o ideal seria que a gente tivesse um governo de auto-gestão, não de
uma governança em si. Pelo que vejo no histórico das reuniões da ONU, é que
apesar de assinarem diversos acordos e propostas, que na sua lógica e teoria
são muito bonitos, mas que na prática não funcionam. Inúmeros acordos nunca
foram postos em prática, como o Protocolo de Kyoto que já está no limite do
prazo e nada de mudanças, todos querem crescer.
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