quinta-feira, 7 de junho de 2012

Rio+20 e as mulheres


Entrevista com  com Nara Correia
Ambientalista e Integrante do Comitê Pernambucano para o Rio+20

Casa da Mulher do Nordeste:  Qual a principal finalidade do Comitê Pernambucano para o Rio+20?
Nara:  O Comitê  foi criado em agosto de 2011 com a função de articular e mobilizar a sociedade civil para dialogar sobre a temática da Rio+20, que é economia verde e a governância institucional. Focada nessas duas temáticas, o Comitê está desenvolvendo algumas ações de diálogos diretos com a sociedade, tanto em Recife como no interior do estado. O Comitê Pernambucano é formado por várias entidades e representantes de vários movimentos. Nesta reta final, estamos nos reunindo toda semana para discutirmos os temas e se mobilizando para irmos ao Rio de Janeiro.

CMN: A Conferência Rio+20, é um evento fechado para a sociedade civil, então qual é a melhor forma de mobilizar a sociedade nesse período?
Nara: A Cúpula dos Povos será uma evento que fugirá um pouco da temática proposta pelo Rio+20. Por ser um evento aberto, trará discussões de temas propostos diretamente pela sociedade, como a agroecologia, economia solidária, a questão da geração de renda baseada na cooperação mútua entre as pessoas. Então, acho que para os movimentos sociais, está integrado nas ações da Cúpula dos Povos é o que vale a pena. Temos que ter uma ação política para levar o que decidiremos na cúpula para a grande conferência. Vai ser difícil, mas esse será o nosso grito.

CMN: Em relação a uma das temáticas da Conferência, o que significa Economia Verde?
Nara:  Eu tenho uma crítica imensa a Economia Verde. Economia verde, para mim não passa de mais uma artimanha do capitalismo para se manter. O que ela tem de mais importante, é o mercado de carbono, então com a venda de carbono você pode poluir aqui, mas ao mesmo tempo, plantar inúmeros pés de eucalipto em outro lugar. Para mim, este tipo de economia não vai trazer resultado, ela não está preocupada com a distribuição renda, ela está sim preocupada em criar o capital de um produto verde. Ela quer colocar valor em produtos naturais. Quer gerar um fluxo de capital porque hoje o meio ambiente tá se tornando uma moeda rara, o que temos de floresta está diminuindo cada vez mais e essa pequena parcela está na mão de poucos. Dessa forma, eles querem tirar o solo das famílias e das cooperativas que lá vivem e ampliar para os latifundiários como forma de crédito de carbono. É um mecanismo de retroalimentação do capitalismo em crise.

CMN: Sobre a governância institucional, o que o movimento diz em relação a esta temática?
Nara: Nem sempre o que é apresentado como temática da conferência é seguido realmente. Eu entendo que o ideal seria que a gente tivesse um governo de auto-gestão, não de uma governança em si. Pelo que vejo no histórico das reuniões da ONU, é que apesar de assinarem diversos acordos e propostas, que na sua lógica e teoria são muito bonitos, mas que na prática não funcionam. Inúmeros acordos nunca foram postos em prática, como o Protocolo de Kyoto que já está no limite do prazo e nada de mudanças, todos querem crescer.